Campanha lançada no youtube desconsidera a desigualdade de acesso aos meios tecnológicos de estudantes de todo o Brasil.
A pandemia da COVID-19 causou um reboliço em todas as áreas do Brasil. Em uma semana, assistimos o fechamento completo de todas as escolas públicas e privadas de todas as escolas do país. Saiba mais campanha ENEM 2020:
Desde então, as secretarias de educação e as redes de ensino estão se movimentando para garantir o ano letivo de 2020. Em um curto período, o ensino remoto, ou popularmente conhecido como EAD, se tornou cada vez mais realidade na educação básica.
As redes públicas tem se desdobrado para garantir o ano letivo, porém as atividades ligadas aos vestibulares tem se tornado uma grande preocupação. No estado de São Paulo, por exemplo, o Secretário da Educação disse que está em constante diálogo com reitores das universidades públicas para possíveis adequações nos calendários.
Na contramão das iniciativas de inclusão e de diminuição das desigualdades de acesso, o Ministério da Educação (MEC) lançou nesta segunda (04), uma campanha defendendo a abertura das inscrições do ENEM para o próximo dia 11/05 no Youtube. Durante o vídeo, a retórica é de que “A vida não pode parar”, e que os alunos precisam estudar, mesmo com a suspensão das aulas, desconsiderando totalmente, a enorme desigualdade dos alunos brasileiros. Confira:
Acesse na íntegra
“E se uma geração de novos profissionais fosse perdida?
Médicos, enfermeiros, engenheiros, professores.
Saria o melhor para o nosso país? A vida não pode parar!
É preciso ir à luta, se reinventar, superar.
Dias melhores virão! E, por isso, eu quero fazer o Enem este ano.
Pra entrar em uma universidade.
Estude, de qualquer lugar, de diferentes formas, pelo livros, internet, com a ajuda a distância dos professores.
Faça já a sua inscrição no ENEM, de 11 a 22 de maio, pelo site enem.inep.gov.br
Além da prova em papel, este ano também terá o Enem Digital, feito pelo computador, em locais indicados pelo MEC.
As provas serão no final do ano. Até lá, estude. Seu futuro já está aí.”
O EAD no Brasil
O tema da educação a distância já estava sendo discutido por redes de ensino como ensino complementar em várias redes de ensino, mas, diante da pandemia e a necessidade da suspensão das aulas, o EAD tornou-se uma das poucas formas de salvar o ano letivo.
Recebemos relatos de professores da rede pública e privada. Geralmente, na rede privada, as dificuldades tem sido menores. Os alunos em sua grande maioria – quando não em sua totalidade -, possuem acesso à internet e aparelhos de tecnologia. As escolas particulares não estão enfrentando grandes dificuldades para trabalharem de forma remota com os alunos e professores.
O grande gargalo está na rede pública. Dados do censo escolar de 2019 , consideram que existem mais de 47 milhões de matrículas na Educação Básica. Desse total, cerca de 38 milhões estão na rede pública, e 9 milhões na rede privada.
As maiores redes de ensino do país, a Secretaria da Educação de São Paulo e a Rede Municipal de Educação de São Paulo, se prepararam – a fim de garantir o ano letivo de 2020 – para continuidade por meio do ensino remoto, com recuperação extensiva aos alunos que não tiverem a oportunidade de acesso, quando voltarem as aulas presenciais.
A Secretaria Municipal, disponibilizou a plataforma ClassRoom para alunos e professores, distribuiu um cartão merenda para os alunos em substituição à merenda escolar, e imprimiu cadernos de atividades para casa, denominados Trilhas de Aprendizagem.
A Secretaria da Educação de São Paulo, responsável pela matrícula de 3,5 milhões de alunos, disponibilizou a plataforma CMSP, Centro de Mídias São Paulo com atividades sendo desenvolvidas diariamente para alunos por meio de aulas ao vivo.
As aulas são transmitidas pelo aplicativo CMSP, pela TV Educação, TV UNIVESP e pelo youtube. Os alunos e professores que tiverem acesso ao aplicativo, poderão navegar sem custo. A SEDUC/SP formalizou parceria que disponibiliza o uso de dados gratuitamente para navegação no APP.
Porém, os primeiros dias tem sido de aprendizado para pais, alunos e professores. E mesmo com todos os esforços de professores, alunos, pais e das próprias secretarias de educação, sabemos que muitos alunos não terão acesso, e serão prejudicados. Por isso, as redes tem insistido que no retorno, serão garantidas atividades de recuperação para alunos que não tiveram o acesso devido.
Diante disso, vale a pena que professores, pais e alunos que sintam-se prejudicados, devem entrar em contato com MEC para expor sua reclamação.